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Cães de aluguel para companhia: nova forma de exploração chega ao Brasil


À medida que presenciamos o reconhecimento e o avanço dos direitos animais no Brasil e no mundo, constatamos na contracorrente novas e gananciosas modalidades de explorar animais. 


 Recentemente importada da Coreia do Sul, país reconhecido pelo hábito de destinar cães ao consumo gastronômico de sua população, a modalidade de aluguel de cães “para companhia” chegou ao Brasil nos mesmos moldes empregados lá fora: os animais integram um serviço fornecido por empresas, que os alugam (leia-se ‘exploram’) pelo tempo que o cliente quiser. Pode ser um dia, uma semana ou apenas algumas horas. 

 Neste caso, não prestarão o mesmo serviço dos já conhecidos “cães de guarda”, que também são alugados com o propósito de prestar uma pretensa segurança. O caso agora é aplacar carências momentâneas, descartáveis, sem as inconvenientes responsabilidades que a tutela de qualquer ser vivo exige. Ou seja: mediante uma quantia (que não é pouca), os cães, escolhidos por sua raça, porte e nível de docilidade, tornam-se disponíveis por um período em que estarão sujeitos a todas as vontades, desejos e caprichos do seu “tutor” temporário. 

Então lá estão novamente os cães com seu velho status de mercadoria, mas numa nova roupagem. Na onda dos descartáveis, não é mais preciso assinar um termo de compromisso com a vida que se lhe entrega em mãos. Mata-se uma vontade momentânea, um desejo repentino de estar com um novo “modelo” e, tão logo comece a entendiar, basta devolver à prateleira e se reencantar com outro tipo, que proporcione outra sensação de prazer, uma distração transitória para tapear uma lacuna qualquer.

O brinquedo perfeito agora não precisará mais de veterinários, nem levar bronca pela bagunça, nem ficar numa gaiola enquanto o “dono” viaja, nem ser abandonado numa via quando ele só despertar tédio ou aborrecimento. 

Não à toa, essa condição reflete uma sintomática relação que humanos têm criado também entre si – a desvinculação afetiva, a superficialidade, o interesse estético e o exibicionismo, numa esfera cíclica e progressiva de privação e satisfação imediata. 

O resultado é que o cão deixa de ter vínculos afetivos e referências que são necessárias a sua saúde emocional. Desrespeita-se por completo a individualidade do animal, que, não tendo um tutor fixo ou uma vida estável, um lar, uma família, um lugar que o acolha, deixa de existir por si e passa a viver apenas para satisfazer desejos cobiçosos de humanos e gerar lucros a empresários que coisificam vidas e impulsionam a manivela do sistema engolidor de afeição e reprodutor de indiferença. 

Por Lilian Regato Garrafa (da Redação) 

 http://www.anda.jor.br/

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